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MIGUEL GODINHO
( Portugal )
Estudante de Física [em 2010] na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Portugal.
SULSCRITO 3 junho 2010. SULSCRITO antologia da indiferença [Tavira, Portugal: 4águas editora] 87 p.
ISSN 1646-7744 . Ex. bibl. Antonio Miranda
Ainda que imaginemos mundos (I)
Na ilusão desta tarde agreste
somos outra vez assim: perpétuos
mas esta verdade é como o tempo,
que se esfuma sempre.
Onde andas desde aquele dia
em que nos sentimos uma última vez?
Onde andas meu amor selvagem?
Um pássaro longínquo que passa
anuncia-me sempre o teu regresso
e eu aqui me descubro, alheio, a olhar os dias.
É sempre assim quando um desejo feroz
se impõe e os teus olhos irrompem:
o reflexo de uma inocência celeste,
um objecto inominável, uma coisa,
uma esquina, um clarão:
tudo me traz de volta o teu cheiro.
Mas gosto de pensar
que seremos sempre um só
sempre que um de nós quiser
Ainda que imaginemos mundos (II)
Vou querer sentir-te sempre assim
mesmo que um dia o mundo desabe
espero que esta minha dor nunca te caia em cima
e que o rigor que em nós nunca floresceu
não te faça sentir que o teu nome não me pertenceu
Evidentemente que renasço sempre da cicatriz
de teus lábios, essa marca letal
enquanto te sinto crescer todos os dias
a toda hora, na memória
e te imagino na sombra, a oriente desta ilusão
Às vezes esqueço-me
que ainda que engendre histórias
existirás sempre na nostalgia dos meus sonhos,
numa verdade intemporal
*
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Página publicada em abril de 2023
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